sexta-feira, 31 de maio de 2013

Botafogo-PB, o campeão legítimo e merecido do Campeonato Paraibano.

Jogadores do Botafogo-PB levantam a taça e comemoram 
o título. Depois de 10 anos o time da capital 
voltou a ser campeão paraibano.

Em pleno estádio Amigão, o Botafogo-PB venceu o Treze por 3 x 0, sagrando-se campeão paraibano de 2013. Esse foi o vigésimo sexto título do Belo, que é o maior campeão do estado. Com essa conquista, o Botafogo-PB manteve uma boa distância em relação ao Campinense, segundo maior campeão, com 18 títulos estaduais. O time da capital paraibana venceu os campeonatos disputados nos seguintes anos: 1936,37, 38, 1944, 45, 1947, 48, 49, 1953, 54, 55, 1957, 1968, 69, 1970, 1975, 76, 77, 78, 1984, 1986, 1988, 1998, 99, 2003 e 2013.
O Belo não ganhava o campeonato estadual há 10 anos. Na sua última conquista, em 2003, chegou ao título após superar o Atlético. A decisão colocou frente a frente os dois melhores times da temporada: o time do sertão, campeão do 1° turno, contra a equipe da capital, vencedora do 2° turno. A grande final da competição foi disputada em dois jogos, que terminaram com duas vitórias do Botafogo-PB: 1 x 0, no Perpetão, em Cajazeiras, 2 x 1, no Almeidão, em João Pessoa, ganhando o título em casa. Esse campeonato foi conquistado com muitos méritos. Naquele ano de 2003, o Belo foi o melhor time do estadual. Obteve o maior número de vitórias (16 partidas, 55 pontos), terminando ainda com o melhor ataque (49 gols marcados) e a melhor defesa (22 gols sofridos) da competição.

Botafogo-PB, campeão paraibano de 2003. Em pé: Humberto, Nilson,
 Erivelton, Demetrius, Durval, Glauber, Luciano, Everaldo/ Agachados:
 Joarílson, Maurício, Nilson Sergipano, Ivair, Tarzinho, Batistinha,
 Cebolinha, Miltinho, Raminho, Robertinho.

Nessa temporada de 2013, não foi muito diferente. Analisando friamente a final do campeonato, podemos dizer que o título do Botafogo-PB foi merecido. O Belo terminou o estadual com o maior número de vitórias (18 partidas, 61 pontos), obtendo ainda o melhor ataque (61 gols marcados) e o artilheiro da competição (Warley, 14 gols). Considerando os dois jogos que fez contra o Treze, o time da capital foi melhor. Mesmo na primeira partida, quando perdeu em casa por 1 x 0, não deixou de fazer um bom jogo. Foi superior no primeiro tempo, já na segunda etapa levou um gol de contra ataque que mudou a história da partida. O time sentiu, o Galo se aproveitou, melhorou, passou a dominar o jogo e venceu com méritos. No confronto decisivo foi diferente. Mesmo em desvantagem, o Botafogo-PB entrou mais determinado do que o seu adversário. Jogou melhor durante os 90 minutos, por isso mereceu vencer.


Campeonato Paraibano 2013/ 1° jogo da final: Botafogo-PB 0 x 1 Treze,
 no estádio Almeidão, em João Pessoa.

Campeonato Paraibano 2013/ 2° jogo da final: Treze 0 x 3 Botafogo-PB,
 no estádio Amigão, em Campina Grande.

As comemorações que sucederam-se depois do jogo, tanto no estádio Amigão quanto na cidade de João Pessoa, atestam a importância dessa conquista. O título parece ter lavado a alma dos torcedores botafoguenses, que se enchem de esperanças e expectativas para o restante da temporada. Apesar da derrota e da perda do campeonato, o Treze não pode se lamentar por muito tempo, pois também tem que começar a pensar no restante da temporada. As competições nacionais já começam nessa próxima semana para os finalistas do estadual paraibano. O Botafogo-PB já estreia na próxima quarta-feira (05, 20:30h), fora de casa, contra o Juazeirense-BA, pela Série D do Campeonato Brasileiro. No mesmo dia, o Treze também estreará, mas pela Série C do Brasileirão. A equipe de Campina Grande jogará às 16h, fora de casa, contra o Cuiabá.
Por causa da campanha que fizeram no Campeonato Paraibano, ambos os times também conquistaram uma vaga para disputar a Copa do Nordeste na próxima temporada. Por ter sido campeão estadual, o Botafogo-PB ainda garantiu vaga para a próxima edição da Copa do Brasil. Existe ainda uma vaga para essa competição nacional, mas sua distribuição ainda está em aberto. A federação não decidiu se o outro representante será o vice-campeão paraibano (Treze) ou o campeão da Copa Paraíba, que seria realizada no próximo semestre. O certo é que tanto o Belo quanto o Galo têm motivos para comemorar, afinal, obtiveram vagas que lhe permitirão participar de campeonatos importantes. Mas feliz mesmo está o torcedor botafoguense, que obteve suas as vagas conquistando o título do campeonato estadual.

Campeonato Paraibano 2013: campanha do Botafogo-PB

1° Turno                                                                           2° Turno
Botafogo-PB 1 x 0 CSP                                                   CSP 2 x 1 Botafogo-PB
Botafogo-PB 3 x 1 Nacional                                            Botafogo-PB 1 x 1 Sousa
Treze 3 x 4 Botafogo-PB                                                 Campinense 1 x 0 Botafogo-PB
Atlético 1 x 1 Botafogo-PB                                             Botafogo-PB 2 x 0 Auto Esporte
Cruzeiro 0 x 1 Botafogo-PB                                            Nacional 1 x 0 Botafogo-PB
Botafogo-PB 5 x 0 Paraíba                                             Atlético 2 x 1 Botafogo-PB
Auto Esporte 0 x 3 Botafogo-PB                                     Botafogo-PB 1 x 0 Treze
CSP 0 x 0 Botafogo-PB                                                  Botafogo-PB 3 x 0 CSP
Botafogo-PB 2 x 1 Atlético                                             Sousa 1 x 1 Botafogo-PB
Nacional 1 x 2 Botafogo-PB                                           Botafogo-PB 1 x 4 Campinense
Botafogo-PB 1 x 1 Treze                                                Botafogo-PB 2 x 2 Nacional
Botafogo-PB 9 x 2 Cruzeiro                                           Auto Esporte 0 x 2 Botafofo-PB
Paraíba 0 x 3 Botafogo-PB                                             Botafogo-PB 2 x 1 Atlético
Botafogo-PB 1 x 1 Auto Esporte                                    Treze 1 x 0 Botafogo-PB

Semifinais                                                                       Final
CSP 0 x 1 Botafogo-PB                                                 Botafogo-PB 0 x 1 Treze
Botafogo-PB 4 x 0 CSP                                                 Treze 0 x 3 Botafogo-PB

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Marin, a Champions Legue e a abertura do Campeonato Brasileiro: uma reflexão sobre o nosso campeonato nacional.


O Campeonato Brasileiro das séries A e B começaram nesse último final de semana. Mais uma vez, a principal competição do futebol nacional começou as pressas, sem muita divulgação, imediatamente após os monótonos, arrastados e cansativos campeonatos estaduais. Como produto, o nosso campeonato tem um potencial enorme, mas é muto mal tratado. Não se trabalha na sua promoção, a desorganização impera. Mas quem são os responsáveis? De quem é culpa?
Sem dúvida, a maior culpada é a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), afinal, a organização da competição cabe a essa entidade. Mas nossa confederação não está preocupada com o campeonato nacional. O que realmente lhe interessa é a sua seleção, que rende valiosos rendimentos a instituição. Prova disso, é que José Maria Marin (Zé das Medalhas), presidente da CBF, nem se deu ao trabalho de abrir a competição. Estava na Inglaterra, em Londres, junto com outros dirigentes, assistindo a final da Champions Legue, que aconteceu exatamente no mesmo dia em que teve início o Brasileirão. Incrível, não?

O Brasileirão, a Champions Legue e os nossos dirigentes na Europa.
Se ao menos tivéssemos certeza de que esses dirigentes estavam lá se reciclando, interessando-se em aprender como organizar nosso campeonato, empenhados em cuidar melhor do nosso futebol. Afinal, a Champions não deixa de ser um modelo, um produto bem trado, por isso vendido no mundo todo. Mas, infelizmente, não se trata disso, a viagem dos nossos cartolas não tem relação nenhuma com o nosso campeonato nacional. Serviu para passear, fazer política, mero pretexto para assistir ao evento!
O fato é que Campeonato Brasileiro não podia ter começado no mesmo dia da final da Champions Legue, que foi o que de mais importante aconteceu no mundo do futebol no último final de semana. Foi uma concorrência desleal. Será que ninguém pensou nisso? Mas já que começou, o presidente, símbolo maior da entidade responsável pela competição, não podia está em Londres, assistindo a final de uma outra competição. Tinha que está aqui, promovendo e privilegiando nosso campeonato, afinal, a entidade que ele preside é responsável pela realização da competição.
O início do Brasileirão tinha quer ser uma grande festa, deveria ser um evento marcante, que significasse verdadeiramente a abertura do nosso calendário, um acontecimento que despertasse o interesse de todo o mundo. Dinheiro tem! A economia brasileira nunca esteve tão forte, nunca circulou tanto dinheiro no futebol nacional. Então, por que o nosso Brasileirão não decola? Por que não se transforma em um dos maiores campeonatos do mundo, despertando o interesse de europeus, asiáticos, norte-americanos, sul-americanos? Por que não conseguimos segurar os nossos craques, bem como trazer muitos bons jogadores de todo o mundo para jogar nosso campeonato?
Até agora, tudo isso não foi possível porque nosso futebol está entregue a dirigentes incompetentes. Cartolas e burocratas que pensam apenas em seus próprios interesses, que usam deliberadamente o esporte como meio de enriquecimento ilícito. Gente que não é profissional, que não pensa o futebol como um negócio rentável, capaz de gerar recursos para os clubes, movimentando também diversos setores da economia nacional. Mas os clubes, sempre subservientes aos dirigentes e as federações, tem uma parcela enorme de culpa e responsabilidade nisso tudo.

A criação de uma liga e o fortalecimento do futebol nacional.
Em todos os principais países do mundo, são os clubes que organizam os campeonatos nacionais, não as confederações ou federações. Há décadas, todos eles se organizaram em ligas, fortaleceram seus campeonatos, trabalharam suas marcas, transformando-as em produtos globais. Mas os presidentes e dirigentes dos clubes brasileiros são tão incompetentes quanto a cartolagem da confederação e federações. A grande maioria também pensa apenas em interesses próprios, são incapazes de se unir em prol de uma causa maior, que possibilite o crescimento dos clubes e do nosso futebol.
O fortalecimento do Brasileirão é possível, mas para que isso ocorra os clubes precisam se unir para formar uma liga, que deve ser responsável por organizar a competição nacional. Essa liga não pode ser igual ao antigo "Clubes dos Treze", que privilegiava apenas os interesses dos grandes clubes. Os resultados de dentro de campo devem ser respeitados, por isso os responsáveis por essa liga não podem patrocinar viradas de mesa. A moralidade tem que ser um principio que deve ser seguido a ferro e fogo. Nas datas FIFA, quando tivemos jogos da seleção, o campeonato tem que parar, como acontece em todo o mundo.
A competição não pode ser constantemente esvaziada, com seus craques ausentes, prejudicando os clubes e o próprio campeonato, porque estão servindo a seleção. Os jogos das competições nacionais não podem ser constantemente desmarcados e remarcados para outras datas, os estádios não podem está quase  sempre vazios, os gramados não podem ser verdadeiros pastos. O calendário precisa ser organizado e respeitado. Os campeonatos estaduais não podem durar quase 5 meses, o interesse maior deve ser nas competições nacionais. Isso não significaria a morte dos estaduais, nem tampouco o fim ou enfraquecimento dos times pequenos. É preciso que a grande maioria dos clubes tenham um calendário para ser manter ativo durante todo o ano.

Os clubes, os torcedores e a transformação do futebol brasileiro.
É possível fazer isso. É possível aumentar e estender as competições nacionais. Países menores do que o nosso mantém 6, 8, 10 séries de campeonatos nacionais. E não me venham com essa conversa de que não é vantajoso, de que a despesa é alta, de que não tem dinheiro. As confederação e federações tem o dever de financiar essas competições. Recebem muito dinheiro e incentivos para isso. Além do mais, se houver interesse, criatividade, profissionalismo e organização, esses campeonatos tornam-se não apenas possível, mas também viável.
As mudanças são muitas, porque os problemas do nosso futebol são estruturais, envolvem mecanismos complexos de poder. Exatamente por isso, não podemos esperar que elas partam da CBF ou das federações estaduais, que comodamente ocupam um locus de poder que garante status e muitos recursos financeiros.
Somente os clubes, com seus torcedores, profissionais competentes e qualificados, dirigentes empenhados e unidos, podem promover essas transformações. Isso é possível! É realmente possível fazer isso, sem necessariamente elitizar o futebol brasileiro. O modelo alemão é uma prova real dessa possibilidade. Esperamos e torcemos por essas mudanças. Sem elas, nossos novos estádios não representarão nada. Somente com essas transformações, que representarão uma revolução, poderão levar o futebol brasileiro a um verdadeiro fortalecimento.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Botafogo-Pb e Treze na final do Campeonato Paraibano. Confira os números e a história do Clássico Tradição.

Campeonato Paraibano de 1983: Treze 3 x 1 Botafogo-PB,
 no estádio Amigão, em Campina Grande.

O Campeonato Paraibano de 2013 será decidido por Botafogo-PB e Treze, que há mais de 70 anos disputam o chamado "Clássico Tradição". A primeira partida entre as duas equipes ocorreu em 1939, no antigo estádio do Clube Cabo Branco, em João Pessoa. Em um jogo válido pelo estadual, o "Galo da Borborema" venceu o "Belo" pelo incrível placar de 8 x 1, em sua primeira participação no Campeonato Paraibano .
De lá pra cá, ambos os times já se enfrentaram em 381 jogos, que contam, ao longo de todos esses anos, a história dessa grande rivalidade do futebol paraibano. O Botafogo-PB leva vantagem, ganhou 154 partidas, enquanto o Treze venceu 120, tendo ocorrido ainda 107 empates. Ao longo da história, as duas equipes já decidiram 10 campeonatos estaduais, nem sempre em confrontos diretos (um jogo decisivo, uma final), pois muitas vezes o título foi decidido em triangulares ou disputas de turno ou returno.
Nesses confrontos, o equilíbrio prevalece, pois cada clube conquistou 5 títulos. O "Belo" levou os campeonatos de 1968, 1969, 1986, 1988 e 1999, já o "Galo" venceu as competições disputadas nos anos de 1940, 1950, 2000, 2006 e 2010. Em números de títulos estaduais, o time da capital também leva vantagem. O Botafogo-PB possui 25 títulos (maior campeão estadual), enquanto o Treze conquistou 15 campeonatos (terceiro maior campeão do estado).
Ambos os times decidiram as finais do Campeonato Paraibano pela última vez em 2010. Em um quadrangular, disputado também com Campinense e Sousa, as equipes se confrontaram em duas partidas: no Almeidão, na capital, vitória do "Galo" por 1 x 0, em Campina Grande, no Amigão, empate de 2 x 2. Terminada a fase final, o Treze sagrou-se campeão com 13 pontos, enquanto o Botafogo-PB somou 11 pontos, que lhe garantiu apenas o vice-campeonato.
Esse ano, a decisão do campeonato estadual promete ser muito disputada, afinal, ambas as equipes possuem as melhores campanhas da competição. Possuem o maior número de vitórias, que garantiram para os finalistas um aproveitamento de mais de 60%. Enquanto o Botafogo-PB é dono do melhor ataque, o Treze possui a melhor defesa. Nessa temporada, os rivais se enfrentaram 4 vezes: o "Belo" venceu 2, o "Galo" 1, tendo acontecido ainda 1 empate. Por conta de tudo isso, essa final tem tudo para ser muito equilibrada e disputada.
A primeira partida será nessa segunda-feira (27, 20:30h), no estádio Almeidão, na capital. O jogo da volta, que decretara o grande campeão, acontecerá ainda essa semana, na quinta-feira (30, 17:00h), no Amigão, em Campina Grande. Como cada equipe conquistou 5 títulos em cima da outra em jogos decisivos, essa décima primeira final entre Botafogo-PB e Treze servirá também como um tira-teima. Um dos dois times ficará em vantagem, com uma conquista a mais sobre o seu rival. Isso tornará o jogo mais atraente. Vejamos quem se sairá melhor nesse "Clássico Tradição", que definirá o campeão estadual de 2013.

Campeonato Paraibano de 2010 - quadrangular final: Botafogo-PB 0 x 1 Treze,
 primeiro partida, no estádio Almeidão.


Campeonato Paraibano de 2010 - quadrangular final: Treze 2 x 2 Botafogo-PB,
 segunda partida, no estádio Amigão.

sábado, 25 de maio de 2013

Roma e Lazio fazem uma final inédita de Copa Itália. História do confronto e dica de documentário sobre o "derby della capitale".



A Copa Itália terá uma final inédita entre Roma e Lazio, times da capital que fazem o famoso clássico da cidade eterna. A mais de cem 100 anos, ambas as equipes se enfrentam, protagonizando um dos clássicos de maior rivalidade da Itália e do mundo. Os dois clubes foram fundados no início do século passado: a Lazio é mais antiga, nasceu em 1900, sendo mais ligada a uma classe média abastarda, já o Roma surgiu um pouco mais tarde, no ano de 1927, sendo tradicionalmente associado aos pobres, a classe operária urbana. O primeiro "derby della capitale" foi disputado em 1929, terminando com uma vitória do Roma, que venceu o seu rival por 1 x 0.
Ao longo de todos esses anos, as duas equipes fizeram 143 jogos oficiais. O time do Roma leva vantagem sobre a Lazio, pois venceu 50 partidas, empatou 56 e perdeu 37 confrontos. Todos esses jogos, praticamente, foram disputados no Campeonato Italiano (142 partidas), sendo a única exceção um único  confronto de mata-mata pela Copa Itália. Ambos os times estão longe de ser os mais ricos ou vitoriosos da Itália (o Roma tem 3 títulos italianos, a Lazio possui 2 conquistas, números que os deixam bem longe do Juventus, maior campeão com 29 campeonatos), mas isso não torna suas torcidas menos apaixonadas.
A expectativa é muito grande, afinal, nunca antes os rivais decidiram um título em uma partida final. A classificação das equipes no campeonato italiano dessa temporada torna essa decisão ainda mais importante. O Roma terminou na 6° posição, já a Lazio ficou em 7° lugar, colocações que não garantem vagas para nenhuma competição europeia. A Copa Itália é uma ótima oportunidade para ambos os clubes salvarem suas respectivas temporadas, pois, além de garantir um título em cima do rival, ainda assegura uma vaga para disputar a Europa Legue.
Por conta de tudo isso, o clássico ganhou muita importância, fazendo com que o clima de expectativa, ansiedade e tensão cresça a cada minuto na cidade eterna. A preocupação das autoridades com a violência é muito grande. No último jogo, disputado pelo campeonato italiano nessa temporada, foram registrados muitos casos de agressões e vandalismo, que culminaram com 3 torcedores esfaqueados.
Para ilustrar o tamanho dessa rivalidade, bem como para dimensionar o clima da cidade em dia de clássico, postei um dos episódios de uma série inglesa chamada The Real Football Factories, que trata do hooliganismo em vários países do mundo. Nesse episódio, o apresentador do programa, o ator Danny Dyer, que trabalhou em um filme sobre o tema (Violência Máxima), mostra-nos todos os ingredientes que cercam o "derby della capitale". Em um programa todo dedicado a Itália, somos apresentados aos ultras (especies de hooligans ou torcedores organizados).
Inicialmente, o apresentador mostra o comportamento e as atitudes dos ultras da Juventus (Drughi) e Atalanta (Curva Nord), mas grande parte do episódio trata dos ultras torcedores da Lazio e Roma. Ambos os grupos são direitistas: os The Boyz, ultras torcedores do Roma, surgiram em 1972, enquanto os Irriducibili, ultras da Lazio, formou-se em 1987. Além de protagonizar cenas de violência, esses grupos exibem ainda símbolos e imagens fascistas nas arquibancadas. Em 2005, inclusive, um jogador da Lazio, que era o time de Benito Mussolini, foi flagrado fazendo gestos fascistas para a torcida. Tudo isso é retratado no documentário, que também não deixa de apresentar o lado da paixão e da festa nas arquibancadas, o lado positivo do clássico da cidade eterna.

Histórico dos Confrontos: Roma x Lazio

Jogos Oficiais
143 jogos
50 vitórias do Roma
37 vitórias do Lazio
56 empates

Campeonato Italiano
142 jogos
49 vitórias do Roma
37 vitórias do Lazio
56 empates

Copa Itália
1 jogo
1 vitória do Roma
Temporada 2010/ 2011 - Oitavas de Finais
Roma 2 x 1 Lazio (Jogo Único)

The Real Football Factories/ Itália - Documentário sobre hooliganismo, que 
mostra, principalmente, os vários aspectos relacionados ao "derby della capitale".

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Bayern e Borussia fazem uma final inédita na Champions Legue. Confira a história desse confronto, marcado por muita rivalidade.



Pela primeira vez na história a Champions Legue será decidida por dois times alemães. Para chegar a essa final inédita, Bayern de Munique e Borussia Dortmund, os dois melhores clubes da Alemanha na atualidade, derrotaram nada mais nada menos que Barcelona e Real Madrid. Tanto as semifinais quanto a final são muito significativas, pois fornecem um diagnóstico importante sobre a atual conjuntura do futebol mundial. Isso porque o desempenho dos times alemães e espanhóis demonstra a força desses países, que possuem as duas melhores seleções do mundo atualmente. Real e Barça são base da seleção nacional espanhola, da mesma forma que Bayern e Borussia formam a base da seleção da Alemanha. Exatamente por isso essa final é tão sintomática, pois, há pouco mais de um ano da Copa, mostra o bom momento que vive o futebol alemão.
Essa será a segunda vez que as duas equipes se enfrentarão pela Champions Legue. Antes dessa final inédita, Borussia e Bayern confrontaram-se em um mata-mata pelas quartas de finais na temporada 1997/ 1998. Após duas partidas bastante disputadas, o Borussia Dortmund classificou-se ao empatar fora e vencer em casa, com um gol marcado na prorrogação, depois de mais um 0 x 0 no tempo normal. Esse resultado obtido na Champions, não traduz, no entanto, uma vantagem do time de Dortmund nos confrontos com o Bayern. Considerando os jogos oficiais, a equipe de Munique possui uma ampla vantagem: de um total de 96 jogos disputados, venceu 41, perdeu 26 e empatou 29. A esmagadora maioria desses confrontos foi pela Bundesliga (88 partidas). As demais partidas, menor parte, ocorreram pela Copa e Supercopa da Alemanha (6 jogos).
Se considerarmos o desempenho e os títulos das duas equipes no cenário nacional e europeu, percebemos que o Bayern também leva uma ampla vantagem. Dentre as principais conquistas do time de Munique, podemos mencionar: 23 campeonatos alemães (maior vencedor do país), 15 copas nacionais, 2 mundiais, 4 Champions, 1 Copa da UEFA (atual Europa Legue) e 1 Recopa Europeia. O time de Dortmund possui uma galeria de títulos bem menos extensa: 8 campeonatos nacionais (terceiro maior campeão, atrás também do Nuremberg, que tem 9 títulos), 3 copas da Alemanha, 1 mundial, 1 Champions, 1 Copa dos Campeões de Copa Europeus.
No entanto, colocando a parte o histórico dos títulos e dos confrontos entre as equipes, o jogo promete ser bastante disputado. O Bayern é o maior campeão alemão, um verdadeiro gigante na Europa, mas nas últimas 3 temporadas perdeu a maioria das partidas para o seu rival. De fato, atualmente, o Borussia parece ser a única equipe alemã capaz de fazer frente ao time de Munique. É bicampeão alemão (2011, 2012) e campeão da copa da Alemanha (2012). Além disso, o fato da final ser disputada em uma partida única torna essa decisão ainda mais imprevisível. Tudo isso permite-nos concluir o seguinte: o Bayern é mais rico, possui mais títulos e vantagem no histórico dos confrontos, mas qualquer uma das duas equipes pode ser campeã. Pela tradição aposto no time de Munique, mas não ficarei surpreso diante de uma possível conquista da equipe de Dortmund.

Bayern de Munique x Borussia Dortmund: Histórico dos Confrontos

Jogos Oficiais                                                               
96 jogos                                                                              
41 vitórias do Bayern de Munique                                     
26 vitórias do Borussia Dortmund                                     
29 empates

Bundesliga (Campeonato Alemão)                                                                        
88 jogos
38 vitórias do Bayern de Munique
22 vitórias do Borussia Dortmund
28 empates

DFB-Pokal (Copa da Alemanha)                              
3 jogos                                                                              
2 vitórias do Bayern de Munique                                       
1 vitória do Borussia Dortmund

DFL Super Cup (Supercopa da Alemanha)
3 jogos
2 vitórias do Borussia Dortmund
1 vitória do Bayern de Munique

Champions Legue
2 jogos
1 vitória do Borussia Dortmund
1 empate
Temporada 1997/ 1998 - Quartas de Finais
Bayern de Munique 0 x 0 Borussia Dortmund (Ida)
Borussia Dortmund 0 x 0 Bayern de Munique (volta)
                              1 x 0 (prorrogação)


Champions Legue (temporada 1997/ 1998) - primeira partida, empate por
0 x 0. Melhores momentos do jogo válido pelas fase de quartas de finais.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Maracanã, a destruição de uma obra tombada: um crime contra o patrimônio histórico e artístico nacional.

Estrutura arquitetônica original do Maracanã, em fase 
final de construção em 1950.

A demolição da marquise e das arquibancadas do Maracanã, denunciadas por uma reportagem, constituem um flagrante desrespeito com a nossa história, pois essas estruturas eram tombadas pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Como vimos (Maracanã, um caso flagrante de ilegalidade que envolve a demolição de uma obra tombada pelo IPHAN), a autorização concedida pelo ex-superintendente do órgão não tinha respaldo legal, pois somente o presidente da república pode autorizar intervenções de demolição/ mutilação dessa natureza, que constituem alterações características de destombamento.
Como historiador, não posso deixar de externar meu repúdio, minha profunda indignação. O Maracanã representa ou pelo menos representava, pois já foi demolido, um patrimônio material e imaterial, por isso foi tombado. Sua estrutura arquitetônica original contava não apenas a história do nosso futebol, mas também a história da arquitetura do nosso país, bem como representava um testemunho da nossa cultura e tradições.  Como parte importante da paisagem urbanística da cidade, o estádio sempre foi um dos principais pontos turísticos do Rio.
Da mesma forma que o Cristo Redentor ou outras obras tombadas, o Maracanã habitava o imaginário coletivo de brasileiros e estrangeiros, por isso sempre foi considerado uma das maiores expressões de nossa brasilidade. A traumática derrota na final de 1950, os clássicos como o Fla-Flu, a torcida do Flamengo e dos demais times cariocas, a festa popular dos geraldinos nas arquibancadas, a construção em concreto armado, verdadeira obra de arte da moderna arquitetura brasileira. Tudo isso foi apagado, demolido, expurgado, não para atender o interesse público, mas para beneficiar as empreiteiras, as empresas privadas e os políticos mal intencionados, que não medem esforços para atender as exigências da FIFA.

Reabertura do Maracanã: de expressão da cultura popular
 e de brasilidade a palco do Caldeirão do Huck. Não é 
difícil perceber a que interesses sua demolição atende.

Para atender tais exigências, que comprometem a nossa soberania, governantes irresponsáveis deformaram e mutilaram completamente o Maracanã, transformando-o em um estádio comum, igual ou similar a todos os outros que seguem o padrão FIFA. Toda a sua monumentalidade, sua especificidade, seu caráter único, que justificaram, inclusive, o seu tombamento, foi trocado por um padrão que uniformiza, desrespeitando vários aspectos históricos e culturais de nossa sociedade. A bem da verdade, tudo isso faz parte de um projeto político, que tem por objetivo final a elitização e a higienização dos estádios. Não sejamos ingênuos, o conceito de "arena", importado ou macaqueado dos gringos, escamoteia uma situação perversa: a expropriação do futebol brasileiro, que com isso perderá cada vez mais a sua dimensão de expressão popular.
Esse verdadeiro descalabro merece uma resposta a altura, não apenas por parte dos profissionais responsáveis pela preservação do nosso patrimônio, cultura, história e memória (arquitetos, historiadores, antropólogos, entre outros), mas também por parte do próprio poder público (Ministério Público e Justiça Federal e Estadual), bem como da sociedade civil. Particularmente, como historiador, espero ainda que os meus pares se manifestem sobre esse ato ilegal e irresponsável.
Penso que entidades como a ANPUH (Associação Nacional de Professores Universitários de História) e o IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), bem como todas as suas respectivas seções regionais e estaduais, têm o dever e a obrigação de se pronunciar sobre a demolição de uma obra tombada, que possui  inestimável valor histórico. Os historiadores, tanto individual quanto coletivamente, não podem se calar diante desses fatos. Precisam se opor a essa ilegalidade, denunciando e divulgando, através de notas oficiais das entidades que os representam, mas também individualmente, utilizando as redes sociais. Somente assim estaremos cumprindo o nosso papel social, que relaciona-se com a preservação da nossa história e da nossa memória.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Maracanã, um caso flagrante de ilegalidade que envolve a demolição de uma obra tombada pelo IPHAN.

Uma reportagem investigativa veiculada pela ESPN denunciou irregularidades seríssimas, que envolvem os governos estadual e municipal do Rio de Janeiro, o governo federal e o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O "Dossiê Maracanã", elaborados pelos combativos e militantes jornalistas Lúcio de Castro e Gabriela Moreira, revelou que a obra no estádio é ilegal, pois trata-se de uma construção tombada, que foi escandalosamente alterada, sem seguir os tramites legais.
O responsável por essa aberração foi o sr. Carlos Fernando de Souza Leão Andrade, que é funcionário do Estado do Rio de Janeiro, mas na época (2011) ocupava o cargo federal de superintendente do IPHAN. Quando autorizou a demolição da marquise e das arquibancadas tombadas, o ex-superintendente, que é arquiteto, tinha matricula na Secretaria de Obras do Rio de Janeiro, órgão estadual interessado e beneficiado com essa autorização. Um escandaloso e flagrante conflito de interesse! Hoje, esse funcionário ocupa um cargo comissionado em outra secretaria e recebe um salário de 10 mil reais.
Além do conflito de interesse, passível de críticas e investigação, essa decisão de autorizar a demolição de um patrimônio histórico e artístico nacional é eminentemente ilegal, pois é fruto de uma atitude arbitrária e unilateral. Para se ter uma ideia do absurdo, essa autorização foi concedida sem o conhecimento do Conselho Consultivo do próprio IPHAN. Quanto a isso, vale muito a pena ler a ata de reunião desse conselho, publicada na integra pela reportagem (Dossiê Maracanã). Esse documento revela a indignação da esmagadora maioria dos conselheiros, que mostram-se verdadeiramente estarrecidos com esse "modus operante".

Maracanã depois das demolições ilegais que alteraram a 
marquise (cobertura) e as arquibancadas do estádio.

De acordo com a legislação, somente a Presidência da República possui prerrogativas para autorizar alterações dessa natureza, que representa um destombamento do estádio, um ato privativo do presidente do país. O Ministério Público Federal interpôs recurso jurídico, mas a Justiça Federal, atendendo ao governo do Rio, concedeu uma liminar autorizando o prosseguimento das obras. A questão ainda está na justiça, aguardando decisão final. As áreas tombadas, por sua vez, foram demolidas e o estádio já está praticamente  terminado. O argumento é o mesmo: não podemos esperar, não podemos perder tempo, pois temos que atender as exigências da FIFA. E dane-se a nossa história, nossa cultura, nosso patrimônio, nossa memória!
Diante disso, muitas explicações precisam ser fornecidas a sociedade brasileira. Primeiramente, Dilma, a presidenta, tem obrigação de se pronunciar sobre esse caso, afinal, essa autorização de destombamento (demolição de um patrimônio histórico e artístico) cabia somente a presidência. Se ficar calada, estará sendo cúmplice ou no mínimo omissa com essa ilegalidade, que feriu, inclusive, uma prerrogativa que lhe pertencia. Quem também deve muitas explicações é o governo do Rio de Janeiro: como um funcionário estadual ocupou um cargo federal que lhe permitiu conceder essa autorização ilegal? Isso não demonstra um conflito de interesse? Se essa autorização era ilegal, porque o governo do Rio aceitou esse documento? Por que entrou na justiça para respaldá-la? Tudo isso precisa ser explicado, pois a nota que o governo estadual divulgou hoje é muito pouco esclarecedora.
Da mesma maneira, o IPHAN precisa se pronunciar. Como o sr. Carlos Fernando (arquiteto/ funcionário do Estado do Rio) chegou a superintendência desse órgão? Como a sua autorização ilegal não passou pelo conhecimento do Conselho Consultivo da entidade? A Justiça Federal também deve algumas explicações: se a suposta autorização era ilegal, por que concederam liminar ao governo do Rio?
O caso é grave, por isso pode muito bem ser considerado mais um dos muitos escândalos dessa Copa do Mundo. Infelizmente, como estamos no Brasil, não creio que seja levado a sério. Tenho certeza que os responsáveis não serão penalizados. Na verdade, os mesmos nem se darão o trabalho de explicar nada! Em nosso país, o poder público age assim. Para atender seus interesses, o sistema passa por cima de tudo e de todos. Nem a legalidade é capaz de pará-los! Nosso passado, então, é totalmente desconsiderado, não tem o mínimo valor, pois, sem nenhum tipo de pudor, é apagado para atender interesses privados que não contemplam as expectativas, nem tão pouco as necessidades e os interesses do povo brasileiro.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Final da Copa do Rey, Real x Atlético - História do confronto e dica de documentário sobre o derby de Madrid.

Rivais históricos, Real e Atlético já se enfrentam há pelo menos 113 anos. O Real foi fundado em 1902, já o Atlético em 1903. A primeira partida disputada entre as duas equipes ocorreu em 1905 e terminou com um empate por 1 a 1. Considerando os jogos oficiais e observando o histórico dos confrontos, percebemos que o Real tem uma ampla vantagem sobre o seu rival no clássico da cidade de Madrid. Em 163 jogos disputados, contabilizam-se 40 vitórias do Atlético, 90 vitórias do Real e 33 empates. Na Copa do Rey, no entanto, o Atlético leva vantagem, pois em um total de 6 confrontos venceu 3, perdeu 2 e empatou 1. Nesses confrontos, o curioso é que 4 das 6 partidas foram disputadas pela final da competição. Isso significa dizer que essa será a quinta vez que Real e Atlético disputarão uma final de Copa do Rey.
As outras decisões ocorreram em 1960 (vitória do Atlético: 3 x 1, em pleno Santiago Bernabéu), 1961 (nova vitória do Atlético: 3 x 2, na casa do rival, que contava com craques como Di Stéfano e Puskás), 1975 (dessa vez vitória do Real, que conquistou o título fora de casa nos pênaltis) e 1992 (mais uma vitória do Atlético: 2 x 0, na casa do adversário). A última vez que os velhos rivais haviam se enfrentado por essa competição tinha sido na temporada 2010/ 2011. Em um confronto de mata-mata válido pelas quartas de finais, o Real venceu as duas partidas: 3 x 1 em casa, 1 x 0 fora de casa.
Logo abaixo, postei um vídeo que foi exibido há algum tempo atrás pela ESPN. Trata-se de um dos muitos documentários que compõe uma série chamada Capitais do Futebol, que busca mostrar a relação que algumas das grandes cidades do mundo tem com os seus derbys ou clássicos locais. O vídeo postado trata justamente da cidade de Madrid, procurando destacar a história dos clubes e do clássico, bem como a relação que a capital da Espanha e os torcedores tem com suas equipes e com o derby. É um ótimo documentário! Fica ai, então, uma dica cultural, que permitirá dimensionar não apenas a importância dessa final, mas também a grande rivalidade desse clássico.


Capitais do Futebol/ Madrid - Documentário sobre o clássico 
Real x Atlético, o derby da cidade de Madrid.