sábado, 30 de março de 2013

Estádio novo, problemas velhos. Tumulto, violência e truculência na venda de ingressos para o Ba-vi que inaugurará a Fonte Nova.

O estádio é novo, mas os problemas são velhos. No novo estádio 
da Fonte Nova torcedor continua sendo tratado como 
gado, como bandido, não como consumidor.

A manhã dessa Sexta-Feira Santa foi marcada por tumultos e muito corre-corre em Salvador. Inacreditavelmente, o sururu ocorreu durante a venda de ingressos para o clássico Ba-Vi, que inaugurará o novo estádio da Fonte Nova, também (re)construído para a Copa do Mundo do Brasil. As entradas para o jogo estavam sendo vendidas nas bilheterias da "nova Arena", que deveria representar uma nova fase do futebol brasileiro. Pelo menos, foi isso que as autoridades disseram pra gente para justificar a realização de uma Copa em nosso país. O tal do legado! Esse foi mais um dos argumentos usados para legitimar o evento da FIFA, que está muito longe de ajudar a resolver as mazelas que habitam o nosso futebol, da mesma forma que está muito longe de representar os verdadeiros interesses da sociedade brasileira.
As imagens são verdadeiramente vergonhosas. Torcedor tratado como gado, como bandido! Bomba de gás  lacrimogênio, spray de pimenta, cacetete, chutes e socos. Tudo muito feio! Como nos propomos a realizar uma Copa do Mundo, se não conseguimos nem vender ingressos? Pela internet, as vendas mal começaram e o site saiu do ar, não aguentou a quantidade de acessos. Nas bilheterias do novo estádio, muita desorganização: filas sem o mínimo de organização, desrespeito, falta de educação, truculência, dentre outras coisas. Mostramo-nos ser incapazes de oferecer algo básico, não conseguimos organizar minimamente uma partida de futebol. É realmente muito constrangedor! Com a realização da próxima Copa e Olimpíada no Brasil, os olhos do mundo estão voltados para o nosso país. Essas imagens, assim como a interdição do Engenhão, entre outras notícias vergonhosas, certamente circularam por todo o planeta. Mais um vexame que mancha a imagem do Brasil perante os demais países do mundo.

Isso é o Brasil! Vamos realizar uma Copa, mas não 
conseguimos vender ingressos.

Contraditoriamente, os defensores da Copa no Brasil diziam que a realização do evento serviria mostrar ao mundo as nossas capacidades empreendedoras. A ideia era demonstrar que estamos preparados, somos organizados, civilizados, um país emergente, com economia crescente e estável, quase desenvolvidos, praticamente primeiro mundo. Mas o tiro saiu pela culatra! Que ironia, que vergonha. Somente os ingênuos, os tolos, os patriotas vazios e os mal intencionados realmente acreditaram nessa falácia, nesse discurso ideológico, que objetivava, na verdade, escamotear a farra, a derrama, o desperdício do dinheiro público. Quanto a isso, as denuncias se sucedem, os escândalos não param: superfaturamentos, desvios de recursos, fraude nas licitações, orçamentos estourados, obras atrasadas, violência nos estádios, desorganização, e por ai vai. É isso que estamos mostrando para todo o mundo. Essa é a nossa verdadeira cara, a verdadeira imagem que passamos ao mundo.
Construído em regime de PPP (Parceria Público Priva), a Fonte Nova estava orçada inicialmente em 591,7 milhões, mas seu custo final não saíra por menos de 688,7 milhões de reais. Dentre os 12 estádios construídos para Copa, esse é o 5° mais caro até o momento. Segundo os responsáveis, o pequeno aumento de 97 milhões de reais deveu-se ao acréscimo de 8 itens aditivos, incorporados para atender "novas exigências técnicas da FIFA". Mas a entidade máxima do futebol não já tinha aprovado o projeto inicial? Ela já não tinha conhecimento do projeto? Por que essas exigências não foram feitas ainda na fase de orçamento? Por que elas só foram feitas durante a execução do projeto, justamente durante a construção? Tudo isso deveria ser esclarecido, afinal tem muito dinheiro público nesse montante de quase 700 milhões de reais. Mas não será, pois estamos no Brasil, por isso tudo acabará em pizza. Não adianta termos estádios novos, mas permanecermos com as mesmas práticas. Sozinho, a construção dos estádios não refletirão as mudanças tão almejadas, desejadas e esperadas para o futebol e para a sociedade brasileira.

Imagens muito feias, verdadeiramente vergonhosas. Os olhos 
do planeta voltam-se para o Brasil, que cada vez mais 
mancha sua própria imagem perante o mundo.

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