Viva essa energia! Mascote dos Jogos Pan -Americanos - Rio 2007
No final da tarde dessa terça-feira, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, convocou uma reunião as pressas com os presidentes dos 4 principais clubes da cidade para informar que o Engenhão seria interditado. De acordo com o político, o consórcio responsável pela execução da obra constatou que a cobertura do estádio tinha problemas estruturais. Construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, o Engenhão custou 380 milhões de reais, valor seis vezes maior do que estava previsto no orçamento inicial, que orçava a obra em 60 milhões de reais.
É vergonhoso, escandaloso, embaraçoso, criminoso, algo realmente constrangedor, que causa-nos verdadeiro escárnio. Como pode um estádio com pouco mais de 6 anos de uso apresentar problemas na sua estrutura? A obra não deveria ser o maior legado do Pan? Como pode um "legado" que custou tão caro apresentar problemas graves em tão pouco tempo? Com a palavra os gestores responsáveis, ou seria melhor chamá-los de irresponsáveis? Mas eles vão falar? Muito provavelmente não. A não ser que sejam chamados para fazer isso em juízo. Mas no Brasil? Com a justiça brasileira? Dependendo do senso de indignação do brasileiro? Dependendo da vontade dos políticos? É certo. Vai acabar em pizza!
Se isso aqui fosse um país realmente sério, tudo isso deveria ser apurado e os responsáveis punidos. Se fosse sério! Então, o ex-prefeito Cesar Maia, seu secretário de esportes Eduardo Paes (atual prefeito do Rio), Carlos Nuzman (presidente do COB), os engenheiros, as construtoras e todos os demais responsáveis pela execução da obra deveriam responder por tudo isso. Como uma obra que custou 6 vezes mais do que o valor previsto pode apresentar problemas estruturais tão graves?
Revolta, mas também causa vergonha alheia: Arnaldo Antunes cantando
"viva essa energia!", tema dos jogos Pan-Americanos do Rio 2007.
Se fosse sério, o Ministério Público estadual e federal deveriam chamar todos os envolvidos para prestar esclarecimentos. Deveria investigar os possíveis e prováveis superfaturamentos, tão denunciados já desde a época da construção. Em relação a isso, será que não temos motivos suficientes para desconfiar? Temos. E temos muitos! Basta atentarmos para o fato de que a Delta "venceu" a licitação e assumiu as obras de construção do Engenhão. Para quem não lembra, a Delta é a mesma empresa que envolveu-se com o contraventor Carlinhos Cachoeira. É a mesma que foi investigada por fraudes em licitações, superfaturamento de obras públicas, etc, etc, etc. Durante a execução das obras, a Delta abandonou a construção, alegando, justamente, que não tinha capacidade de tocar a cobertura da obra.
As pressas, esses nossos gestores assinaram um contrato com a OAS e a Odebrecht, que assumiram a obra, mas deixaram claro que não se responsabilizariam por eventuais erros no projeto. Agora pergunto: e de quem é a responsabilidade? As falhas estruturais decorrem de erros do projeto ou da construção? Muitas são as perguntas que esperam por respostas. O fato é que praticamente todas as obras construídas para o Pan não foram aproveitadas, não deixaram legado a população. Muitas viraram elefantes brancos, foram sucateadas ou simplesmente estão sendo destruídas ou reconstruídas. Para que? Para as Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016. Diante disso, não posso deixar de lembrar dos estádios da Copa do Mundo de 2014. Inevitavelmente, não posso deixar de parodiar um famoso comercial, dizendo o seguinte: "imagina depois da Copa!" Imaginou? Agora, "imagina depois das Olimpíadas!"
Ps. Indico a leitura dos blogs dos jornalistas PVC e Lúcio de Castro, que trazem ótimas informações e comentários sobre o assunto. Lúcio de Castro foi quem, inclusive, postou esse vídeo que reproduzo abaixo.
Feras da engenharia. Esse é o título desse documentário da Discovery,
feito com intuito de engrandecer a obra. No entanto, já é possível
observar no vídeo os problemas na construção da cobertura,
relatados pelos próprios engenheiros.
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